Segundo dizem, o resultado de Festival só saiu 37 anos depois.
“Olha, negão. Não brinca muito quando você for cantar minha música porque ela é coisa séria.” Era Geraldo Vandré convidando Jair Rodrigues para defender Disparada no 2º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 1966.
O concurso era mesmo coisa séria. No País não se falava em outra coisa. A moda de viola moderna de Vandré e Théo de Barros dividia a preferência do público com a marchinha A Banda, de Chico Buarque, interpretada pela voz doce de Nara Leão.
No dia da decisão, 10 de outubro de 1966, surpresa. As duas canções venceram, empatadas. Mas a história não acaba aí. Trinta e sete anos depois vem a revelação do jornalista Zuza Homem de Mello, que trabalhou no festival como técnico de som: A Banda, na verdade, havia vencido por 7 votos a 5. Ao saber do resultado com antecedência, Chico negou-se a receber o prêmio sozinho. Achava Disparada muito superior.
Já ouvi muitas gravações desse concerto, uma obra prima para o vilão clássico. Um dos maiores violonistas dos tempos atuais, John Williams, junto com Orquestra, faz uma belíssima apresentação que faz valer a pena cada segundo.
Aproveitando a deixa, segue a definição do termo 'Adagio'*:
"Palavra italiana que indica um andamento musical vagaroso. Para determinar precisamente o andamento de seus adagios, alguns compositores juntam, a essa, outras nomenclaturas:
Adagio assai -- muito lento. Adagio di molto -- extremamente lento. Adagio sostenuto -- ("lento sustentado") ou, sempre lento.
O programa "Sala de Concerto" desta próxima sexta-feira, apresnetará uma gravação exclusiva da Radio Cultura FM: com a interpretação do Concerto Köln e da mezzo-soprano Vivica Genaux , você vai ouvir de Georg Friedrich Handel a Suite nº 1 em fá maior, da Música Aquática, HWV. 348. Ouvirá também as árias de óperas: "Sta nell'ircana", "Dopo notte atra e funesta", "L'angue offeso" e "Cara speme". Handel ainda continua no programa, com o Concerto Grosso em si bemol maior. No programa você também terá o prazer de ouvir o padre Antonio Vivaldi com o Concerto para violoncelo, cordas e contínuo, em ré menor e Johann Adolf Hasse com a ária de Solimano: "Di quell'acciaro al lampo".
Sala de Concerto
Sexta-feira, 29 de janeiro de 2010, 21h00min.
Apresentação: Alfredo Alves
Produção: Adriana Braga
A Familia Bach
Genealogia da Tonalidade
O mês de fevereiro encerra a programação dedicada à Família de Johann Sebastian Bach e as relações que teve com o surgimento e o desenvolvimento do sistema tonal. A dinastia começou com Veigt Bach, ainda no século XVI e terminou com o Wilhelm Friderich, já no século XVIII. O sistema buscou entrecruzar as práticas puramente musicais com as relações matemáticas e físicas das alturas e do tempo, para poder criar suas próprias regras. Pensa-se, portanto, em uma função semântica determinada e direcionada, capaz de interferir nas sensações e nas ações humanas, basicamente no espírito. Nesta primeira quarta-feira do mês, você vai ouvir uma cantata de do tio de Johann Sebastian, Johann Christoph Bach. Do filho predileto e dos mais talentosos da família, Carl Phillip, um concerto para violoncelo e para finalizar o programa desta quarta, do próprio Johann Sebastian, você ouvirá uma sonata para viola da gamba e cravo.
A Família Bach: Genealogia da Tonalidade.
Quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010, 20h00min.
Apresentação: Maurício Monteiro
Cultura FM, a frequência dos clássicos
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"Música é, primeiramente, movimento. Além disso, música é sentimento ou consciência do espaço-tempo. Ritmo; sons, silêncios e ruídos; estruturas engendram formas vivas. Música é igualmente tensão e relaxamento, expectativa preenchida ou não, organização e liberdade de abolir uma ordem escolhida; controle e acaso. Música: alturas, intensidades, timbres e durações -- peculiar maneira de sentir e de pensar. Para muitos a música mais interessante é a que propõem novas maneiras de sentir e de pensar.
Algo assim como ouvir, ver, viver: "ouviver a música", na expressão concentrada."
As impressões acima foram expressas por J. Jota de Moraes, em seu livro "O que é MÚSICA", coleção Primeiros Passos (Nova Cultural/Brasiliense), de 1986.
Os conceitos que se têm de música são um tanto universais, já que a música é uma linguagem universal. Pode-se expressar sentimentos comuns a todos os seres humanos pela música. Ela se presta ao propósito de transmitir preocupações, temores, anseios, suspense, alegria, tensão e relaxamento.
Naturalmente, a lista não é exaustiva. Foque então a tensão e o relaxamento que podem ser expressos pela música. Esses termos definem não apenas o que pode ser expresso, mas também o meio pelo qual se expressa em música. É a base da expressão musical: tensão e relaxamento.
Há muitos exemplos clássicos para ilustrar essa relação entre tensão e relaxamento. A 6ª Sinfonia de Beethoven, a Pastoral, contém trechos que dificilmente serão esquecidos pelo ouvinte atento a esses dois 'estados' musicais.
Faça um exercício, sugiro: ouça essa sinfonia e visualize os cenários pintados sem tinta e sem pincel. Sinta a tensão durante a 'tempestade'; sinta o relaxamento em trechos inteiros, como o Allegretto: Canto dos Pastores: jubilosos agradecimentos depois da tempestade.
A tensão e o relaxamento são constantes em mudar de posição: ora uma, ora outra assume o foco. Assim, mesmo na apresentação do trecho mais 'calmo' da sinfonia, há tensão e relaxamento. Porém, em cada movimento da peça, um dos dois assume um papel dominante.
A vida humana é essencialmente música, em certo sentido. Mesmo para os que são incapazes de perceber sons, a base da música, tensão e relaxamento, é constante. O próprio ato de respirar, que mantém a vida, é uma alternância sem fim entre tensão (inspirar) e relaxamento (expirar).
Talvez a música seja a mais importante das artes: evoca sentimentos, move batalhões, acalma, anima, afaga, faz rir e faz chorar. Somos seres musicais.
Mas, observando como a música se degrada, não posso deixar de perguntar: o que está acontecendo com a música moderna? Que tal fazer deste o tema para um próximo post?
Ao amor, em vão fugir, eu procurei Pois tu, breve, me fizeste ouvir a tua voz Mentira deliciosa E, hoje, é meu ideal um abismo de rosas Onde a sonhar Eu devo, enfim, sofrer e amar! Mas, hoje, que importa Se tu'alma é fria Meu coração se conforta Na tua própria ironia Se há, no meu rosto Um rir de ventura Que importa o mudo desgosto De minha dor, assim, sem fim Se minha esperança O que não se alcança Sonhou buscar Devo calar, hoje, o meu sofrer E, jamais, dele te dizer O amor, se é puro Suporta obscuro Quase a sorrir, a dor de ver A mais linda ilusão, morrer Humilde, bem vês que vou A teus pés levar Meu coração, que jurou Sempre ser amigo e dedicado Tenha, embora, que viver Neste sonho enganado Jamais direi Que, assim, vivi Porque te amei! Ao amor, em vão fugir, eu procurei Pois tu, breve, me fizeste ouvir tua voz Mentira deliciosa E, hoje, é meu ideal um abismo de rosas Onde a sonhar Eu devo, enfim, sofrer e amar! Mas, hoje, que importa Se tu'alma é fria Meu coração se conforta Na tua própria ironia
Campo branco minhas penas que pena secou Todo o bem qui nóis tinha era a chuva era o amor Num tem nda não nóis dois vai penano assim Campo lindo ai qui tempo ruim Tu sem chuva e a tristeza em mim Peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abrãao Prá arrancar as pena do meu coração Dessa terra sêca in ança e aflição Todo bem é de Deus qui vem Quem tem bem lôva a Deus seu bem Quem não tem pede a Deus qui vem Pela sombra do vale do ri Gavião Os rebanhos esperam a trovoada chover Num tem nada não tembém no meu coração Vô ter relampo e trovão Minh'alma vai florescer Quando a amada a esperada trovoada chegá Iantes da quadra as marrã vão tê Sei qui inda vô vê marrã parí sem querer Amanhã no amanhecer Tardã mais sei qui vô ter Meu dia inda vai nascer E esse tempo da vinda tá perto de vin Sete casca aruêra cantaram prá mim Tatarena vai rodá vai botá fulô Marela de u'a veis só Prá ela de u'a veis só
(Garoto - Vinícius de Moraes - Chico Buarque, 1969)
Tem certos dias Em que eu penso em minha gente E sinto assim Todo o meu peito se apertar Porque parece Que acontece de repente Feito um desejo de eu viver Sem me notar Igual a como Quando eu passo no subúrbio Eu muito bem Vindo de trem de algum lugar E aí me dá Como uma inveja dessa gente Que vai em frente Sem nem ter com quem contar
São casas simples Com cadeiras na calçada E na fachada Escrito em cima que é um lar Pela varanda Flores tristes e baldias Como a alegria Que não tem onde encostar E aí me dá uma tristeza No meu peito Feito um despeito De eu não ter como lutar E eu que não creio Peço a Deus por minha gente É gente humilde Que vontade de chorar
Nesta sexta-feira, dia 15 de janeiro, você vai ouvir uma obra que pode ser considerada como representativa do romantismo francês: a Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz. A Sinfonia Fantástica está mais próxima de um poema sinfônico do que de uma sinfonia tradicional, uma música programática. Ela é narrativa a contar ou ilustrar uma história. O próprio Berlioz, ao falar de suas músicas criou um termo que em Frances é a Idèe Fixe, ou idéia fixa, muito próxima do que Wagner chamaria mais tarde de Leitmotiv. O Amor não correspondido aparece no primeiro tema; a traição no segundo; o terceiro tema seria os campos, uma provável alusão à pastoral de Beethoven; o quarto tema, a marcha para o suplício evoca o universo onírico, de ópio e desespero, de morte e assassinato da amada e por fim, o sonho de uma noite de sabbath, onde bruxas e outros entes do imaginário esperam o próprio compositor. A interpretação é da Orchestre des Champs-Élysées e a direção é de Philippe Herreweghe.
Sala de Concerto
Sexta-feira, 15 de janeiro de 2010, 21h00min.
Apresentação: Alfredo Alves
Produção: Adriana Braga
When you're weary, feeling small When tears are in your eyes, I will dry them all I'm on your side When times get rough And friends just can't be found
Like a bridge over troubled water I will lay me down Like a bridge over troubled water I will lay me down
When you're down and out When you're on the street When evening falls so hard I will comfort you I'll take your part When darkness comes And pain is all around
Like a bridge over troubled water I will lay me down Like a bridge over troubled water I will lay me down
Sail on silver girl Sail on by Your time has come to shine All your dreams are on their way See how they shine When you need a friend I'm sailing right behind
Like a bridge over troubled water I will ease your mind Like a bridge over troubled water I will ease your mind
Nº 5 de las Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos, interpretadas por Amal Brahim Djelloul (soprano) Gautier Capuçon (cello) Orchestre Du Violon Sur Le Sable (Les films Jack Febus)
Love Me Tender (Me Ame Com Ternura) Love me tender, -- Me ame com ternura, Love me sweet, -- Me ame com doçura, Never let me go. -- Nunca me deixe partir. You have made my life complete, -- Você tornou minha vida completa, And i love you so. -- E eu te amo tanto. Love me tender, -- Me ame com ternura, Love me true, -- Me ame de verdade. All my dreams fulfilled. -- Todos os meus sonhos realizados, For my darlin' i love you, -- Porque, meu amor, eu amo você, And i always will. -- E eu sempre amarei. Love me tender, -- Me ame com ternura, Love me long, -- Me ame por muito tempo. Take me to your heart. -- Leve-me ao seu coração, For it's there that i belong, -- Pois é lá que eu pertenço. And we'll never part. -- E nós nunca nos separaremos. Love me tender, -- Me ame com ternura, Love me true, -- Me ame, de verdade All my dreams fulfilled. -- todos os meus sonhos realizados For my darlin' i love you, -- porque meu amor eu amo vc And i always will. -- e eu sempre amarei Love me tender, -- me ame com ternura Love me dear, -- Me ame querida Tell me you are mine. -- diga-me que você é minha I'll be yours through all the years, -- Eu serei seu durante todos os anos Till the end of time. -- Até o final dos tempos. Love me tender, -- Me ame com ternura Love me true, -- me ame de verdade All my dreams fulfilled. -- Todos os meus sonhos realizados For my darlin' i love you, -- porque meu amor eu amo você And i always will. -- e eu sempre amarei
Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida Eu vou te amar A cada despedida Eu vou te amar Desesperadamente Eu sei que vou te amar.. E cada verso meu será Prá te dizer Que eu sei que vou te amar Por toda a minha vida... Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar O que essa tua ausência me causou... Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver À espera de viver ao lado teu Por toda a minha vida... Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida Eu vou te amar A cada despedida Eu vou te amar Desesperadamente Eu sei que vou te amar... E cada verso meu será Prá te dizer Que eu sei que vou te amar Por toda a minha vida... Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar O que essa tua ausência me causou... Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver À espera de viver ao lado teu Por toda a minha vida...
Soneto de Fidelidade
(Vinicius de Moraes)
De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.