
A Itália fazia oposição à técnica musical da França barroca de Marin Marais, Delalande e Blavet. Criaram-se igualmente, divisões em diferentes clãs, em que argumentos de gosto e de estilística misturavam-se, por vezes, a atitudes políticas, foi esse, por exemplo, o caso das disputas entre as práticas francesas e italianas, entre lullistas e ramistas, gluckistas e piccinistas.
No princípio do século XVIII, o debate entre a música francesa e italiana ganhou novo impulso. A música italiana tinha a preferência da nobreza, e os primeiros compositores franceses de sonatas, dedicavam suas obras ao duque de Orleáns, um partidário declarado à tendência italianizante.
Alguns teóricos mais preocupados com o rigor estilístico e histórico se opuseram a uma teoria que falava de uma moral imaginária. Parece que não foi nada disso. O barroco não seria o resultado de um ideal nostálgico, mas de um conjunto de recursos, psicologicamente estudados e manejados com habilidade, partindo de grupos poderosos, mas que se estendem a todos os setores da sociedade.
Um bom exemplo é a monarquia de Luis XIV, nababesca e nada imaginária, nada nostálgica. Era a sociedade do espetáculo. Os compositores dos séculos XVII e XVIII compartilharam, assim como poetas, literatos, pintores e escultores, da premissa básica contida na Retórica de Aristóteles. A retórica talvez seja um dos aspectos mais evidentes da cultura barroca, presentes na música dos italianos ou de franceses como Marin Marais, Augustin Dautrecourt, quanto nos tratados de Gracian, Argan ou nas obras literárias de Suarez de Figueroa ou Gregório de Matos. Persuadir era despertar as vontades e não incutir o conhecimento.
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